quinta-feira, 22 de julho de 2010

1 O CONHECIMENTO


 


 

Ao homem é dada à faculdade de conhecer, esta não é somente uma capacidade, mas principalmente uma necessidade para a sua sobrevivência. Aqueles que não conhecem os perigos da eletricidade podem acabar eletrocutados, os desconhecem o fio da navalha podem acabar cortados, entretanto o mesmo conhecimento que o ajuda a sobreviver o lança para o progresso.

Contudo, aos animais também é dado uma certa faculdade de conhecer, ou caso contrário como se explica o fato de os animais procurarem certos alimentos que lhes convém e evitar outros, que não lhes convém. Como se explica o fato de que o cão pode sentir e distinguir odor do dono entre tantos outros odores. Os animais conhecem a natureza para se submeterem a ela, o homem conhece a natureza para submetê-la a ele.

A tarefa do conhecimento consiste na explicação dos fenômenos que cercam o homem, sem isto a atividade prática jamais aconteceria. O conhecimento é uma relação entre sujeito e objeto. Esta relação só é sujeito para um objeto, e o objeto só é objeto para um sujeito. Ambos só são o que são enquanto são para o outro. Mas esta correlação não é reversível, o sujeito apreende o objeto e o objeto é aprendido pelo sujeito.


 


 

1.1 O CONHECIMENTO SENSORIAL E O CONHECIMENTO INTELECTUAL


 


 

O conhecimento é posse das realidades cognitivas, tanto o homem, como os demais animais entram na posse das realidades cognitivas sensoriais, cores, movimentos, sons, odores, paladares, o porquinho tem o conhecimento sensorial da porta do chiqueiro, tem conhecimento de que ela obstrui sua passagem, entretanto, não sabe ele se ela é quadrada, retangular ou triangular, nem conhecera jamais o teorema de Pitágoras.

O homem, além dos conhecimentos sensoriais, de conhecer as coisas em suas concretudes factuais, tem a possibilidade de ultrapassar o limite do singular, apreendido pelos sentidos e pode ele apreender relações formais, comparar, abstrair, isolar elementos, analisar e de generalizar.

Os conhecimentos sensoriais, comuns tanto para o homem quanto ao resto dos animais, apreende o fato, a coisa em sua individualidade concreta.

O conhecimento intelectual, próprio apenas aos homens, não atinge apenas as coisas singulares, mas sim, operando sobre as imagens sensoriais, e ultrapassando-as formulas conceitos gerais, abstratos, relações ideais, definições universais.


 


 


 


 


 


 

1.2 CONHECIMENTO VULGAR OU POPULAR


 


 

O homem no decorrer de usa vida vai acumulando conhecimento daquilo que viu pessoalmente, ou aconteceu a terceiros, vai interiorizando as tradições da coletividade.

Estas experiências casuais, ametódicas e assistemáticas que atingem o fato em suas aparências globais, sem análise, sem crítica e sem demonstração, que recolhem da tradição sem nenhum questionamento, esse modo de conhecimento é denominado vulgar.

O conhecimento popular é o conhecimento cotidiano, ametódico, isolado, casual, superficial, adquirido na atividade diária. É o saber do homem comum que se limita às noções correntes e superficiais sobre as coisas e os fenômenos.

As pessoas sabem que as roupas molhadas secam mais rápido no sol, sabem que os corpos caem, sabem que a certa temperatura o leite ferve, entretanto sabem por experiência e não sabem ou não procuram determinar suas causas reais.


 


 

1.3 CONHECIMENTO INTUITIVO


 


 

É um conhecimento imediato, sem os intermediários das comparações, sem a passagem de antecedente para conseqüente, sem comparações. Intuição vem da palavra latina Intuere, que significa ver, assemelha-se ao conhecimento sensorial, especialmente da visão, na medida em que se caracteriza por atingir o objeto sem meio.


 


 

a) Intuição intelectual


 

A intuição sensorial existe, pois os sentidos não analisam, não julgam, não comparam. O prazer e a dor são dados de experiência interna apreendido imediatamente.


 


 

b) Intuição intelectual


 

A evidencia lógico-metafísica dos primeiros princípios lógicos, estéticos, também as relações transcendentais, são aprendidas imediatamente, sem discurso, sem movimento, sem a necessidade de meio.


 


 


 


 

1.4 CONHECIMENTO TEOLÓGICO OU RELIGIOSO


 


 

O conhecimento teológico supõe e exige a autoridade divina, Deus. Este conhecimento se fundamenta na autoridade divina e a só ela entende. A teologia não demonstra o dogma, apela para a autoridade divina que o revelou e exige fé.

Na teologia se fala na existência e da necessidade de uma iluminação divina denominada "graça da fé" para que o fiel consiga conhecer a verdade divina da revelação.

Tomaz de Aquino, santo e doutor da igreja católica, em seu livro "Summa contra Gentiles" define e explica o conhecimento teológico "Se algumas coisas são igualmente consideradas pelo filósofo e pelo fiel a respeito das criaturas, filósofo e fiel são guiados por princípios diversos. Na verdade, o filosofo tira seu argumento das próprias coisas, enquanto que o fiel o toma da causa primeira, a saber, porque assim foi divinamente revelado, ou porque isto reverte para a glória de Deus, ou porque o poder de Deus é infinito. Por isto também a doutrina da fé deve ser considerada a doutrina máxima, por que pensa a partir da causa mais elevada. E por isto, a filosofia humana deve a ela como o inferior deve ao superior (...). Daí decorre que uma e outra doutrinasse conduzem em ordem diversa. Pois, na doutrina da filosofia que considera as criaturas em si e a partir delas conduz ao conhecimento de Deus, a primeira consideração versa a respeito das criaturas e a Segunda sobre Deus. Na doutrina da fé que não considera as criaturas, a não ser enquanto referidas a Deus, primeiro está a consideração a respeito de Deus e só depois a Respeito das criaturas. E desta maneira a doutrina da fé é mais perfeita porque mais semelhante ao conhecimento divino que conhece a si mesmo e em si intui todas as coisas."

Apesar de ser religioso, e de pertencer a uma época onde o conhecimento teológico era considerado superior a qualquer outra forma de conhecimento, São Tomaz de Aquino apresenta uma bela explicação sobre o conhecimento teológico.


 


 

1.5 CONHECIMENTO CIENTÍFICO


 


 

O conhecimento é o conjunto dos enunciados que denotam ou descrevem objetos. A ciência é uma espécie de subconjunto do conhecimento. A ciência também é feita de enunciados denotativos, contudo ela impõe duas condições suplementares à sua aceitabilidade, que os objetos aos quais eles se referem sejam acessíveis recursivamente, portanto, nas condições de observação explícitas; que se possa decidir se cada um destes enunciados pertence ou não pertence à linguagem científica, considerada como pertinente pelos experts.

É um conhecimento causal e metódico dos fatos e fenômenos, sempre colocando uns com relação a outros, de modo que se possa determinar as leis que o regem.

O vocábulo ciência vem do latim scientia e queria significa conhecimento, saber.

Segundo Aristóteles, em seu livro "Metafísica", "Saber uma coisa de modo absoluto é saber a causa que a produziu e que a causa não poderia ser outra".

Só é científico o conhecimento que for provado, isto é, verificado e demonstrado. Entretanto não se deve conceber o cientista como uma pessoa anormal, um gênio "O indivíduo que pensa o tempo todo sobre formulas incompreensíveis ao comum dos mortais.", ou como um louco "O gênio louco que inventa coisas fantásticas.", muito menos como alguém que reclama uma autoridade inquestionável a qual se deve obedecer "Alguém que fala com autoridade, que sabe sobre o que está falando, a quem os outros devem ouvir e obedecer." segundo G. Myrdal, "a ciência nada mais é que o censo comum refinado e disciplinado."

De certo modo, a ciência acabou se transformando em uma espécie de mito. E se faz necessário acabar com a idéia de que os outros, a ciência é apenas a especialização, um refinamento de potências comuns a todos.


 


 

1.6 CONHECIMENTO FILOSÓFICO


 


 

Muitas pessoas tem uma idéia negativa, pejorativa e desfavorável da filosofia, como se a filosofia fosse a coisa mais complexa, caótica, obscura e inútil. Daí o porque de definirem quem estuda filosofia como "O filosofo é aquele que entra num quarto escuro para procurar um gato preto que não existe lá". Também definem a filosofia com ironia dizendo que "A filosofia é uma coisa tal, que, sem a qual, a vida continua tal a qual".

Isto se da porque muitos autores gastam "tinta e latim" escrevendo sobre falsos problemas, como é a vida em Marte, onde fica o purgatório?, qual o sexo dos anjos?, vidas passadas. Uma grande maioria de livros filosóficos pertence a esta categoria, são livros escritos em um estilo hermético, esotérico, obscuro, prolixo e muito confuso, com uma linguagem enigmática, rebuscada e sofisticada, os autores escrevem paginas e mais paginas sobre o que não existe ou se existe poderia ser dito em poucas paginas.

Se estes autores não escrevem em um estilo ático, sóbrio, com uma linguagem clara e concisa, é porque não podem, ou então querem esconder seus pensamentos escusos e sua ignorância. Como Foucault acertadamente disse "O hermetismo é um abuso de poder de alguns intelectuais que se fecham num discurso quase inacessível, para ficarem imunes às críticas e polêmicas". Entretanto, como em toda esfera de conhecimento, na filosofia também existe o autentico e o falso saber, devemos distinguir o verdadeiro do falso e não deixar que este último corrompa a filosofia verdadeira.

Conhecimento filosófico também, assim como na ciência, busca as causas reais dos fenômenos, diferente da ciência que busca a causa particular, a filosofia busca as causas profundas e remotas de todas as coisas. O conhecimento filosófico possui mais profundidade, universalidade e radicalidade do que o conhecimento cientifico. Nos dizeres de Aristóteles "A filosofia e a ciência das causas primeiras e dos princípios primeiros".

A filosofia representa o complemento das ciências particulares. Enquanto as ciências Buscam as leis pelas quais se regem determinados fatos e fenômenos particulares, a filosofia unifica todo o conjunto das leis científicas em leis supremas. Ou como Spencer, "A ciência é o saber parcialmente unificado; a filosofia é o conhecimento totalmente unificado".

Atualmente a filosofia não é mais aquela do tempo de Platão, Aristóteles, Aquino, Hegel e outros, a filosofia pouco a pouco passou a ser uma ciência que estuda as leis mais gerais do ser, do pensamento, do conhecimento e da ação. É uma concepção científica do mundo como um todo, da qual se pode deduzir certa forma ou conduta. Fundamentalmente a filosofia estuda essência e valor de todas as coisas, é uma reflexão critica sobre a origem, a razão e a essência do homem e das coisas. Hoje, a filosofia é um instrumento transformador do mundo, com o objetivo de melhorar a existência humana a tornar mais humana a vivência social. A filosofia só será valida enquanto associada à realidade, pois se viver se filosofia é viver no escuro, a filosofia divorciada da vida pratica é estéril e inútil. A filosofia é a luz que ilumina o caminho pelo qual se deve seguir.

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