quinta-feira, 22 de julho de 2010

4a. aula: Processos sociais: cooperação e competição

Almir Sandro Rodrigues


 

"Brejo da Cruz"

 

A novidade

Que tem no Brejo da Cruz

É a criançada

Se alimentar de luz


 

Alucinados

Meninos ficam azuis

E desencarnando

Lá no Brejo da Cruz


 

Eletrizados

Cruzam os céus do Brasil

Na rodoviária

Assumem formas mil


 

Uns vendem fumo

Tem uns que viram Jesus

Muito sanfoneiro

Cego tocando blues


 

Uns têm saudade

E dançam maracatus

Uns atiram pedra

Outros passeiam nus

Mas há milhões desses seres

Que se disfarçam tão bem

Que ninguém pergunta

De onde essa gente vem


 

São jardineiros

Guardas-noturnos, casais

São passageiros

Bombeiros e babás


 

Já nem se lembram

Que existe um Brejo da Cruz

Que eram crianças

E que comiam luz


 

São faxineiros

Balançam nas construções

São bilheteiras

Baleiros e garçons


 

Já nem lembram

Que existe um Brejo da Cruz

Que eram crianças

E que comiam luz


 

Apresentação:

Estaremos nessa aula 4 com o objetivo de possibilitar aos educandos e às educandas a compreensão dos processos sociais de cooperação e competição.

Os processos sociais caracterizam-se por gerar mudanças, transformações nos indivíduos e nas relações sociais.

É fundamental compreendermos como os processos de cooperação são estabelecidos na sociedade, apresentando possibilidades de relações mais solidárias a partir das ações cooperativas.

Por outro lado, na contramão da cooperação, os processos de competição salientam as relações individualistas, próprias da sociedade capitalista. Estas relações de competição podem levar, se acirradas, aos processos de conflito social.

Buscando sempre coletivamente construirmos nossos conhecimentos, é importante sempre valorizarmos os processos de cooperação – processos mais solidários!

Vamos lá!

 

Índice:

Ementa    2

Objetivo Geral    2

Objetivos Específicos    2

1. Impulso inicial: caracterizando os processos sociais    2

2. Processos sociais: mudanças dos atores sociais    3

3. Cooperação e Competição: processos sociais antagônicos    4

4. A realidade em foco    6

Preparando a próxima aula    7

Referências Bibliográficas    7


 


 

Ementa

Estaremos abordando ao longo desta aula os seguintes conteúdos: caracterização dos processos sociais. Mudanças na personalidade dos atores sociais – característica dos processos sociais. Processos sociais associativos e dissociativos. Cooperação e os tipos de cooperação. Competição e suas formas. Como se efetivam os processos de cooperação e competição na sociedade brasileira.


 

Objetivo Geral

Possibilitar aos educandos e às educandas a compreensão dos processos sociais de cooperação e competição.


 

Objetivos Específicos

  • Permitir aos(às) educandos(as) conhecer o conceito de processo social nas relações sociais de interação.
  • Construir com os(as) educandos(as) o conceito de cooperação.
  • Construir com os(as) educandos (as) o conceito de competição.
  • Trabalhar com os(as) educandos(as) as possibilidades de cooperação e competição na realidade brasileira.


 


 


 


 

1. Impulso inicial: caracterizando os processos sociais

Nessa aula 4 estaremos trabalhando com o tema "processo sociais: cooperação, competição e conflito". Pedimos no final da aula passada que desenvolvessem as seguintes questões:


 

  1. Recorte de jornais e revistas exemplos de diferentes tipos de processos sociais.
  2. Faça um mapeamento dos processos de cooperação que você conhece? Quais existem em sua região? Descreva-os.
  3. Faça um mapeamento dos processos de competição que você conhece? Quais existem em sua região? Descreva-os.


 

Faça uma exposição do seu trabalho, organizando um painel com os recortes de jornais e/ou revistas. Identifique o tipo de processo social representado na imagem.


 

Depois, observe os trabalhos de seus colegas de turma. Faça um texto-síntese sobre a importância dos processos sociais e como eles estão organizados em nossa sociedade.


 


 


 


 


 

 

O processo social mais importante é a interação. Todos os processos sociais são diferentes tipos de interação. Por isto, a interação é o processo social geral. A interação é o processo de influência recíproca ou unilateral entre dois ou mais agentes sociais – indivíduos, grupos, agregados etc. –, contribuindo para aproximá-los ou afastá-los uns dos outros.


 

Os alunos de uma escola resolvem fazer um trabalho de pesquisa em grupo, a pedido dos professor. Organizam-se, um ajuda o outro, e logo o trabalho está acabado. Esse resultado foi possível e mais facilitado porque houve cooperação. A cooperação é um tipo de processo social.


 

Processo é o nome que se dá à contínua mudança de alguma coisa numa direção definida. Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma como os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.


 

Qualquer mudança proveniente dos contatos e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui, portanto, um processo social


 

2.1- Tipos de processos sociais:

No grupo social ou na sociedade como um todo, os indivíduos e os grupos se reúnem e se separam, associam-se e dissociam-se. Assim, os processos sociais podem ser associativos (de aproximação) e dissociativos (de afastamento).


 

Os principais processo sociais associativos são: cooperação, acomodação e assimilação.

Os principais processo sociais dissociativos são: competição e conflito.


 

Resumindo:


 

  • PROCESSOS SOCIAIS:
    I.) Associativos: a.) cooperação;

                      b.) acomodação;

                     c.) assimilação.


 

                  II.) Dissociativos: a.) competição;

                     b.) conflito.


 

Processos associativos (de aproximação): os que diminuem a distância social, como os processos de cooperação, assimilação e outros.

Processo dissociativos (de afastamento): são os que aumentam a distância social, como as guerras, os conflitos raciais e outros.


 

Estaremos nessa aula e na próxima aula (aula 8) estudando estes processos associativos e dissociativos. Não vamos seguir a ordem colocada acima, pois nem sempre eles ocorrem nesta sequência. Pelo contrário, alguns processos sociais só ocorrem quando existe o fracasso de outro, como por exemplo, a assimilação ocorre geralmente quando outro processo fracassa, como o conflito – dessa maneira estaremos estudando por último o processo de assimilação.


 

"Alguns autores encaram os processos sociais como se as relações que ela supõem, tivessem um encadeamento direto e irreversível. Assim a competição geraria conflitos, os quais seriam resolvidos através de processos de acomodação, que resultariam na assimilação e assim por diante. As formas de relação são, todavia, lábeis e reversíveis"


 

Para refletir:

  1. Qual a importância dos processos sociais? Exemplifique.
  2. Dê um exemplo de processo associativo e outro de processo dissociativo.


 


 

3. Cooperação e Competição: processos sociais antagônicos

Dois processos sociais fundamentais, resultantes da interação social, são a cooperação e a competição.


 

3.1- Cooperação: solidariedade social:

Para viver em sociedade, os homens se organizam de tal modo que, embora sejam unidades biopsíquicas, formam unidades maiores: os grupos, as comunidades, as sociedades. Para se organizarem, os homens cooperam entre si. Chamamos de cooperação a união de esforços ou auxílio mútuo para a realização de objetivos comuns.


 

A cooperação é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim.


 

Cooperação significa atuação, ação em comum, em harmonia. Entende-se por cooperação desde o auxílio mútuo para realizar os trabalhos mais simples, como remover uma pilha de tijolos ou arrancar o mato do jardim, até a união de esforços, de alta complexidade, exigindo especialização e consequente divisão do trabalho para governar um Estado (através do trabalho em conselhos ou de orçamento participativo podem ser cooperativos), elaborar um plano de trabalho para uma grande empresa (processo de auto-gestão) ou mesmo organizar uma cooperativa habitacional ou outros.


 

A cooperação pode ser direta e indireta.


 

  • Cooperação direta: Compreende as atividades que as pessoas realizam, como é o caso dos mutirões para a construção de casas populares.
  • Cooperação indireta: É aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhas diferentes, necessitam indiretamente umas das outras, por não serem auto-suficientes. Tomemos o exemplo de um médico e de um lavrador, o médico não pode viver sem o alimento produzido pelo lavrador, e este pode necessitar do médico quando fica doente.


 

A cooperação, também, pode ser temporária e contínua.


 

  • Cooperação temporária: os indivíduos se reúnem para a execução de uma tarefa durante um período determinado. Exemplo: fazer uma lição em grupo, em conjunto.
  • Cooperação contínua: quando ocorre entre indivíduos ou grupo que, fixados em determinado local, necessitam sempre da colaboração uns dos outros. Exemplo: controle da poluição.


 

São numerosos e complexos os interesses que levam os indivíduos e os grupos à cooperação. Pode ser a obtenção de algum bem material, interesses pessoais ou grupais, lealdade ao grupo e seus ideais, temor às pressões ou ataques de outros grupos, ou a própria necessidade estrutural, decorrente da mútua interdependência em virtude das funções especializadas. Resumindo, podemos dizer que a cooperação é a solidariedade social em ação.


 

3.2- Competição: luta pela existência:

A competição, em seu sentido lato, significa luta pela existência. Não só o ser humano, mas todos os seres vivos, animais e plantas competem. As plantas se excluem umas às outras, competindo pela umidade e luz do sol. As mais vigorosas sobrevivem, enquanto as menos vigorosas ou incapazes de se adaptarem às mudanças de condições, morrem e desaparecem. Os animais mantêm-se vivos somente pela destruição de plantas e de outros animais. O próprio ser humano pode viver somente à custa da vida das plantas e de animais e, além disso, compete socialmente pela sobrevivência. (Busque maiores conhecimentos sobre cadeia e teia alimentar).


 

Essa competição em que se acham empenhados todos os seres humanos, essa "luta pela existência", é a competição ecológica. Podemos definir competição, num sentido mais amplo, como uma luta por coisas concretas: sobrevivência pelos bens, por melhores ocupações – pois, além da competição ecológica, o ser humano conhece a competição econômica, a política, a cultural, a social.


 

A competição pode levar indivíduos a agirem uns contra os outros em busca de uma melhor situação. Ela nasce dos mais variados desejos humanos, como ocupar uma posição social mais elevada, ter maior importância no grupo social, alcançar riqueza e poder.


 

Como nem todos podem obter os melhores lugares nas esferas sociais – os postos são em número muito menor que seus pretendentes –, muitas pessoas se sentem prejudicadas por não conseguirem atingir seus objetivos (esta idéia é reforçada na sociedade capitalista que vivemos). Algumas experimentam a sensação de fracasso, a frustração, muito mais intensamente que outras. Há indivíduos que, a partir dessa frustração, chegam a desenvolver um grande sentimento de inferioridade. E esse sentimento tanto pode levar o indivíduo a reagir, tentando superar suas dificuldades para buscar novas oportunidades, como levá-lo à depressão e ao desânimo.


 

"As sociedades contemporâneas – principalmente os países capitalistas – estimulam os indivíduos a competir em todas as suas atividades: na escola, no trabalho e até no lazer.

O comerciante que procura conquistar os fregueses de outro comerciante e os estudantes que lutam por uma vaga no vestibular estão igualmente envolvidos numa relação de competição.

Há sociedades que estimulam mais a competição que outras. Entre os povos indígenas, por exemplo, as relações não são tão acentuadamente competitivas como em nossa sociedade."


 

Muitos autores reconhecem existir, frequentemente, entre os competidores, uma rivalidade definida. Por exemplo, o aluno que se bate pelo primeiro lugar quer suplantar colegas seus perfeitamente conhecidos. O mesmo se dá com o desafiante que pretende tomar o lugar do campeão, ou o negociante ansioso por ostentar maior riqueza que um concorrente. Em política, ou na luta por colocações e postos administrativos, não é nada fácil delimitar onde acaba a competição e onde começa o conflito. Estas observações justificam a seguinte tese: entre a natureza da competição e a do conflito há apenas uma diferença essencial – a primeira não é necessariamente pessoal e não implica necessariamente hostilidade, como acontece ao conflito (tema da aula 8).


 


 

Para finalizar:

Vamos construir um quadro comparativo com as características da cooperação e competição:


 


 


 

  • Quadro comparativo:

* Elementos 

Cooperação 

Competição 

a. Conceito  


 

 

b. Objetivos 


 

 

c. Tipos  


 

 

d. Exemplo 1

(na sua família) 

  

e. Exemplo 2

(na sua comunidade) 

  

f. Exemplo 3

(em seu município) 

  


 


 

4. A realidade em foco

Vamos analisar o texto da editado na revista VEJA, de 21 de julho de 1999, elaborado por Cintia Valentini:


 

"Eles sobraram: Modernização reduz chances para 36 milhões de trabalhadores com pouca escolaridade":

"Os números do IBGE, principal órgão de pesquisas do país, mostraram um retrato dramático da realidade do trabalhador brasileiro. Segundo esse instituto, 36 milhões de brasileiros em idade de trabalhar têm só o ensino fundamental completo ou nem isso. Essa população equivale quase à metade de toda a força de trabalho do país e coloca para a sociedade um enorme problema.

Para garantir a sobrevivência, muitos deles ainda conseguem emprego na economia informal com algum êxito. Para os outros, o horizonte é desolador. Isso porque as empresas, com a modernização, já não precisam tanto de força física, que é o que ele têm a oferecer, pois não receberam educação formal.

O rosto dessa gente apareceu quando o governo de São Paulo abriu inscrições para as chamadas frentes de trabalho. A idéia era selecionar 50.000 pessoas para cumprir um contrato de seis meses, recebendo salário mensal de 150 reais, cesta básica e seguro de acidentes pessoais. Exigências: ter acima de 16 anos de idade e estar desempregado há mais de um ano.

Uma multidão de 460.000 pessoas lotou os locais de inscrição. Foram selecionados apenas os chefes de famílias numerosas, os mais velhos e aqueles que estavam mais tempo na fila do desemprego. A primeira leva, de 250 pessoas, já está trabalhando na limpeza de trilhos de trem na região metropolitana de São Paulo. Os outros vão cuidar do zoológico, de parques e da jardinagem de praças. Programa semelhante, organizado pela prefeitura de São Paulo, atraiu mais 50.000 pessoas.

Na frente de trabalho, os contratados terão chance de assistir a palestras e fazer um curso profissional (existem quarenta opções, que vão de pedreiro a babá).

Quando a economia brasileira voltar a crescer, a massa de desempregador por falta de qualificação profissional poderá trabalhar na restauração de estradas. Viadutos e ruas esburacadas. O problema é saber por quanto tempo essas pessoas poderão sobreviver à custa desses serviços. E o desafio para o país permanece: evitar que continue crescendo a população de subtrabalhadores."


 

Agora, após a leitura do texto:

  1. Faça um levantamento nos jornais locais (de sua região ou município) outros casos de competição entre pessoas, como é o caso apresentado no texto – desempregados a busca de trabalho muitas vezes entram em processo de competição com outros desempregados.
  2. "Imaginar 50.000 vagas de empregos oferecidos a baixo salário e com pequenos benefícios sendo disputadas por 460.000 desempregados ajuda a pensar no sentimento de competição que pode se instalar num grupo". Comente esta afirmação!


 

Preparando a próxima aula

Na aula 5 (próxima aula) estaremos trabalhando com o tema "processo sociais: conflito, acomodação e assimilação". Assim sendo, pedimos que:

  1. Escreva um texto destacando os motivos pelo qual as pessoas (ou grupos) entram em conflito com outras (ou outros grupos).
  2. Levante suas dúvidas ou questões sobre o conteúdo do material dessa aula 4, para na próxima aula podermos esclarecer.


 


 

Referências Bibliográficas


 

  1. LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral, 6ª ed., São Paulo, Editora Atlas, 1990.


 

  1. VILA NOVA, Sebastião. Introdução à sociologia, 3ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 1995.


 

  1. CHARON, Joel M. Sociologia, tradução de Laura Teixeira Motta, São Paulo, Editora Saraiva, 2000.


 

  1. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia, 24a. edição, São Paulo, Editora Ática, 2001.


 

  1. DELLA TORRE, M. B. L. O homem e a sociedade: uma introdução à sociologia, 14a. edição, São Paulo, Editora Nacional, 1986.


 

  1. VALENTINI, Cintia. Eles sobraram: Modernização reduz chances para 36 milhões de trabalhadores com pouca escolaridade, (In: Revista VEJA, 21/07/1999).


 


 

3a. aula: Comunicação: processo de interação social

Almir Sandro Rodrigues


 

"O homem é o único animal que..."

"O homem é o único animal que ri dos outros. O homem é único animal que fala dos outros. O homem é único animal que passa por outro e finge que não vê.

É o único que fala mais que o papagaio.

É o único que gosta de escargots (fora, claro, o escargot).

É o único que acha que Deus é parecido com ele.

E é o único...

... que se veste

... que veste os outros

... que despe os outros

... que faz o que gosta escondido

... que muda de cor quando se envergonha

... que se senta e cruza as pernas

... que sabe que vai morrer

... que pensa que é eterno

... que não tem uma linguagem comum a toda a espécie

... que se tosa voluntariamente

... que lucra com os ovos dos outros

... que pensa que é anfíbio e morre afogado

... que tem bichos

... que joga no bicho

... que aposta nos outros

... que compra antenas

... que se compara com os outros


 

O homem não é o único animal que alimenta e cuida das suas crias, mas é o único que depois usa isso para fazer chantagem emocional.

Não é o único que mata, mas é o único que vende a pele.

Não é o único que mata, mas é o único que manda matar.

E não é o único...

... que voa, mas é o único que paga para isso

... que constrói casa, mas é o único que precisa de fechadura

... que constrói casa, mas é o único que passa quinze anos pagando

... que foge dos outros, mas é o único que chama isso de retirada estratégica

... que trai, polui e aterroriza, mas é o único que se justifica

... que engole sapo, mas é o único que não faz isso pelo valor nutritivo. [...]"


 


 


 


 

Apresentação:

Estaremos nessa aula 3 com o objetivo de possibilitar aos educandos e às educandas a compreensão dos processos de comunicação como próprios da natureza social humana, diferenciando os seres humanos dos outros seres vivos, dos outros animais.

O trabalho com a história da evolução tecnológica dos meios de comunicação nos possibilitará perceber como foi e é fundamental a linguagem nos processos interacionais dos seres humanos (conceito de interação social), assim como, sua influência na construção da opinião pública, na construção ideológica de concepções de sociedade.

Os meios de comunicação podem provocar processos de isolamento, quando parte da sociedade não tiver acesso a estes. Fator este que estaremos abordando em nossa aula.

Enfim, vamos buscar um processo de comunicação aberto entre nós.

Bom trabalho!


 

Índice:

Ementa    2

Objetivo Geral    2

Objetivos Específicos    2

1. Impulso inicial: comunicação e o desenvolvimento humano    3

2. Comunicação: a linguagem como uma atividade humana    3

3. Comunicação e interação social    5

4. A realidade em foco    9

Preparando a próxima aula    10

Referências Bibliográficas    11


 


 

Ementa

Estaremos abordando ao longo desta aula os seguintes conteúdos: o desenvolvimento humano depende da comunicação. A comunicação é próprio da natureza humana. As formas de comunicação e influência nas interações sociais. O conceito de interação social. A importância da comunicação e o avanço tecnológico dos meios de comunicação. Influência do poder econômico nos meios de comunicação.


 

Objetivo Geral

Possibilitar aos educandos e às educandas a compreensão dos processos de comunicação como próprios da natureza social humana.


 

Objetivos Específicos

  • Permitir aos(às) educandos(as) conhecer a linguagem como próprio da natureza humana.
  • Construir com os(as) educandos(as) o conceito de interação social.
  • Resgatar com os(as) educandos(as) o avanço da tecnologia dos meios de comunicação e suas influências no processo de desenvolvimento da humanidade.


 

 

Nessa aula 3 estaremos trabalhando com o tema "comunicação – um processo de interação social". Pedimos no final da aula passada que você desenvolvesse as seguintes questões:


 

  1. Elabore um mapeamento de todos os meios de comunicação que você conhece?
  2. Quais são os meios de comunicação disponíveis em sua região? E, quais deles você tem acesso? Comente.
  3. Qual a importância da comunicação para o desenvolvimento dos seres humanos?
  4. Como os meios de comunicação podem influenciar, positiva ou negativamente, na vida das pessoas? Explique.


 

Bom, construa com seus colegas de turma um painel contendo os meios de comunicação mapeados por todos – e, quais estão disponíveis em sua região.


 

E, após conversa com seus colegas de turma, faça um texto-síntese sobre a importância da comunicação no desenvolvimento do ser humano e dela na interação social.


 

2. Comunicação: a linguagem como uma atividade humana

Considerando o ser humano um ser que fala e a palavra a senha de entrada no mundo humano, vamos examinar mais profundamente o que vem a ser a linguagem especificamente humana.


 

A linguagem é um sistema simbólico. O homem é o único animal capaz de criar símbolos, isto é, signos arbitrários em relação ao objeto que representam e, por isso mesmo, convencionais, ou seja, dependentes de aceitação social. Tomemos, por exemplo, a palavra casa. Não há nada no som nem na forma escrita que nos remeta ao objeto por ela representado (cada casa que, concretamente, existe em nossas ruas). Designar esse objeto pela palavra casa, então, é um ato arbitrário. A partir do momento em que não há relação alguma entre o signo casa e o objeto por ele representado, necessitamos de uma convenção, aceita pela sociedade, de que aquele signo representa aquele objeto. É só a partir dessa aceitação que poderemos nos comunicar, sabendo que em todas as vezes que usarmos a palavra casa, nosso interlocutor entenderá o que queremos dizer. A linguagem, portanto, é um sistema de representações aceitas por um grupo social, que possibilita a comunicação entre os integrantes desse mesmo grupo.


 

  • A linguagem diferencia o ser humano do animal:

O ser humano é um ser que fala. A palavra se encontra no limiar do universo humano, pois caracteriza fundamentalmente o homem e o distingue do animal.


 

Se criássemos juntos um bebê humano e um macaquinho, não veríamos muitas diferenças nas reações de cada um nos primeiros contatos com o mundo e as pessoas. O desenvolvimento da percepção, da preensão dos objetos, do jogo com os adultos é feito de forma similar, até que em dado momento, por volta dos dezoito meses, o progresso do bebê humano torna impossível prosseguirmos na comparação com o macaco, devido à capacidade que o ser humano tem de ultrapassar os limites da vida animal ao entrar no mundo do símbolo.


 

Poderíamos dizer, porém, que os animais também tem linguagem. Mas a natureza dessa comunicação não se compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do ser humano com o mundo e com outros seres humanos.


 

É interessante o estudo da "linguagem" das abelhas, que dançando "comunicam" às outras onde acharam pólen. Ninguém pode negar que o cachorro expressa a emoção por sons que nos permitem identificar medo, dor, prazer. Quando abana o rabo ou rosna arreganhando os dentes, o cão nos diz coisas; e quando pronunciamos a expressão "Vamos passear", ele nos aguarda alegremente junto à porta.


 

No exemplo das abelhas, estamos diante da linguagem programada biologicamente, idêntica na espécie. No segundo exemplo, o do cachorro, a manifestação não se separa da experiência vivida; ao contrário, se esgota nela mesma, e o animal não faz uso dos "gestos vocais" independentemente da situação na qual surgem. Quanto a entender o que o dono diz, isso se deve ao adestramento, e os resultados são sempre medíocres, porque mecânicos, rígidos, geralmente obtidos mediante aprendizagem por reflexo condicionado.


 

A diferença entre a linguagem humana e a do animal está no fato de que este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado de forma fixa e única com a coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com que adestramos o cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é, indicam alguma coisa muito específica.


 

Por outro lado, o símbolo é universal, convencional, versátil e flexível. Consideremos a palavra cruz. Além de ser uma convenção de certa forma arbitrária (á assim em português; o inglês diz cross, e o francês croix). Mas a palavra cruz não tem um sentido unívoco, na medida em que faz lembrar um instrumento usado para executar os condenados à morte; pode representar o cristianismo; referir-se à morte (ver seção de necrologia, dos óbitos dos jornais); se usada de cabeça para baixo, adquire outro significado para certos roqueiros; pode significar apenas uma encruzilhada de caminhos; ou um enfeite, e assim por diante, com múltiplas, infindáveis e inimagináveis significações.


 

Assim, a linguagem animal visa a adaptação à situação concreta, enquanto a linguagem humana intervém como uma forma abstrata que distancia o ser humano da experiência vivida, tornando-o capaz de reorganizá-la numa totalidade e lhe dar novo sentido. É pela palavra que somos capazes de nos situar no tempo, lembrando o que ocorreu no passado e antecipando o futuro pelo pensamento. Enquanto o animal vive sempre no presente, as dimensões humanas se ampliam para além de cada momento.


 

É por isso que podemos dizer que, mesmo quando o animal consegue resolver problemas, sua inteligência é ainda concreta. Já o ser humano, pelo poder do símbolo, tem inteligência abstrata.


 

Enfim, se a linguagem, por meio da representação simbólica e abstrata, permite o distanciamento do ser humano em relação ao mundo, também é o que possibilitará seu retorno ao mundo para transformá-lo. Portanto, se não tem oportunidade de desenvolver e enriquecer a linguagem, o ser humano torna-se incapaz de compreender e agir sobre o mundo que o cerca.


 

Para refletir:

Leia este texto:

"Há setecentos anos, Frederico II, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, efetuou um experimento para determinar que língua as crianças falariam quando crescessem, se jamais tivessem ouvido uma única palavra falada: falariam hebraico (que então se julgava ser a língua mais antiga), grego, latim ou a língua se seu país?

Deu instruções às amas e mães adotivas para que alimentassem as crianças e lhes dessem banho, mas que sob hipótese nenhuma falassem com elas ou perto delas. O experimento fracassou, porque todas as crianças morreram."


 

Agora, reflita em grupo:

  1. O que este texto nos faz pensar?
  2. Qual a importância da fala, da linguagem na vida do ser humano? Busque outros exemplos.


 

3. Comunicação e interação social

Como vimos no texto de Horton e Hunt, a comunicação é vital para a espécie humana enquanto ser social e para o desenvolvimento da cultura.


 

O principal meio de comunicação do ser humano é a linguagem. Através da linguagem o ser humano atribui significados aos sons articulados que emite; isso é possível porque somos dotados de inteligência. Graças à linguagem podemos transmitir pensamentos e sentimentos aos nossos semelhantes, bem como passar aos descendentes nossas experiências e descobertas, fazendo com que os conhecimentos adquiridos não se percam.


 

À medida que as sociedades se tornaram mais complexas, os meios de comunicação foram se aperfeiçoando. Um grande avanço foi o surgimento da escrita, na Mesopotâmia, por volta de 4000 a.C. A invenção da imprensa por Gutemberg, no século XV, foi outro passo importante. Nos séculos XIX e XX assistimos à invenção do telégrafo, do rádio, do cinema, da televisão, do telex, da comunicação por satélite, da Internet, etc.


 

Pelos meios de comunicação, os fatos, as idéias, os sentimentos, as atitudes, as opiniões são compartilhados por um conjunto enorme de indivíduos e atingem um grande número de países. Segundo o especialista em comunicação Marshall McLuhan, o mundo contemporâneo é uma autêntica "aldeia global", onde fatos, opiniões e modos de vida são compartilhados por inúmeras pessoas. Os meios de comunicação de massa moldam hoje as idéias e opiniões de grupos cada vez maiores de indivíduos. E isso vem se verificando com uma intensidade crescente graças sobretudo à Internet.


 

"Interação, contato e comunicação":

"Do mesmo modo que a interação é o processo social geral, o contato é o processo social primário, pois não pode haver nenhuma forma de interação se não há contato social. Por outro lado, só há contato social quando há comunicação, de tal modo que os dois conceitos – contato e comunicação – chegam mesmo, na Sociologia, a se confundirem. O contato social, logo, não resulta necessariamente da proximidade física entre os agentes sociais. Se as pessoas que viajam em um ônibus, por exemplo, não se comunicam umas com as outras, não há contato social, por maior e mais incômoda que seja a proximidade física entre elas. Se duas pessoas estão distantes uma da outra, mas se comunicam através de telefone ou mesmo de carta, então, aí há contato social.

A comunicação simbólica, como já vimos, não se limita à linguagem verbal, embora seja esta o mais importante instrumento de comunicação humana. Desse modo, duas ou mais pessoas fisicamente próximas, mesmo que não se comuniquem de forma intencional e consciente, muito provavelmente se comunicarão através de meios menos explícitos de comunicação, tais como o vestuário, a postura, o olhar, por exemplo, e, dessa maneira, terão o seu comportamento influenciado por essa forma de comunicação não intencional e não-consciente".


 

3.1- Conceito de Interação:

Interação social é a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em contato. Distingue-se da mera interestimulação em virtude de envolver significados e expectativas em relação às ações de outras pessoas. Podemos dizes que a interação é a reciprocidade de ações sociais.


 

O aspecto mais importante da interação social é que ela modifica o comportamento dos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Desse modo, fica claro que o simples contato físico não é suficiente para que haja uma interação social. Por exemplo, se alguém senta ao lado de outra pessoa num ônibus, mas ambos não conversam, não está havendo interação social (como já dito anteriormente).


 

Os contatos sociais e a interação constituem, portanto, condições indispensáveis à associação humana. Os indivíduos se socializam por meio dos contatos e da interação social.


 

A interação social pode ocorrer entre uma pessoa e outra, entre uma pessoa e um grupo ou entre um grupo e outro. Assim:

PESSOA Û PESSOA

PESSOA Û GRUPO

GRUPO Û GRUPO


 


 


 

3.2- Formas de Comunicação:

A comunicação, forma importante de interação, é fundamental para o ser humano, enquanto ser social, e para a cultura. Ela pode dar-se através de:

  • Meios não vocais, como expressões, traços fisionômicos etc. Determinadas expressões de alegria, tristeza, desagrado ou raiva, movimentos de olhos, trejeitos da boca e suspiros, o ruborizar-se, empalidecer, chorar ou rir, expressões corporais como a postura e movimentos de mãos e ombros etc., condicionam respostas que são baseadas em seus significados, interpretados através de experiências anteriores.
  • Sons inarticulados, baseados em emoções e inflexões de voz. Determinados sons, mesmo que não se articulem em palavras, são por nós interpretados ainda com base em experiências pessoais; as inflexões de voz são importantes, pois, muitas vezes, reagimos não às palavras, mas à maneira como são ditas.
  • Palavras e símbolos. Dentre todos os animais, somente o ser humano desenvolveu a capacidade de linguagem, isto é, a atribuição de significados a fonemas, a um conjunto de sons articulados. A interação através da linguagem também é condicionada pela cultura: em primeiro lugar, as sociedades desenvolveram linguagem diferentes; em segundo lugar, uma mesma linguagem, em dada sociedade, apresenta variações, quer seja pelos "regionalismos", quer pela própria diversidade e riqueza, com várias palavras para exprimir o mesmo sentimento ou emoção, ou significados diversos para uma mesma palavra. Assim podemos dizer que, em dada sociedade, se os indivíduos que se comunicam pertencem, a diferentes subculturas, é possível que o significado de suas palavras não seja o mesmo para um e outro. Determinadas categorias prodissionais, grupos etários e regiões geográficas têm significados específicos para grande parte dos vocábulos de uma linguagem comum. Os símbolos, por sua forma e natureza, evocam, perpetuam ou substituem, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente. Exemplos: cruz, bandeira, escudos, etc.


 

À medida que as sociedades se desenvolvem e se tornam complexas, apresentam condições para o aparecimento e aperfeiçoamento de meios técnicos de comunicação: imprensa, rádio, telégrafo, televisão, satélites, internet, telefonia celular, etc.


 

Para finalizar:

  1. Cite alguns exemplos, a partir do seu cotidiano, de cada forma de comunicação apresentada no texto acima.
  2. Como estão organizados os meios de comunicação em sua região? Quem os controlam?
  3. Quais as informações mais veiculadas nesses meios de comunicação? Comente.
  4. Qual a importância do avanço tecnológico para o desenvolvimento dos meios de comunicação? Explique.


 

Para aprofundar:

Você faz parte de uma sociedade em que as relações políticas, comerciais, sociais e culturais são intensas. Tudo isso exige muita comunicação entre as pessoas. Para acompanhar as necessidades desta sociedade, os meios de comunicação tiveram de ser aperfeiçoados e desenvolvidos.


 

A intrincada rede de comunicações do mundo atual permite ao homem se comunicar com qualquer pessoa, em qualquer lugar do planeta, no momento em que quiser. E mais, através de sons e imagens, o homem pode tomar conhecimento de um fato praticamente no mesmo instante em que ele está acontecendo. Porém, grande parte da população mundial ainda não tem acesso a essa moderna rede de comunicações.


 

Atualmente, os meios de comunicação mais acessíveis a um grande número de pessoas são os livros, os jornais, as revistas, o correio, o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão.


 

Um pouco de História:

  • "No século XIX, uma época de grandes descobertas:

Durante muito tempo, o homem só contou com as palavras impressas e a transmissão oral para saber o que acontecia no mundo. Assim, só lhe restava imaginar como seriam as pessoas e as paisagens de outros lugares. Porém, na primeira metade do século XIX, um grande acontecimento veio modificar esta situação: a descoberta da fotografia.


 

A fotografia deu ao homem uma visão real das coisas impressas. Ela abriu as portas e as janelas do mundo, causando na época uma verdadeira revolução.


 

Durante o século XIX, outros meios de comunicação vieram se juntar ao livro, ao jornal e à fotografia. Foram eles: o telégrafo, o telefone, o rádio e o cinema.


 

Veja no quadro as grandes descobertas do século XIX no campo das comunicações:

Inventos 

Descobridores 

1839 Máquina fotográfica 

Louis Daguerre 

1844 Telégrafo 

Samuel Morse 

1876 Telefone 

Alexander Graham Bell 

1877 Fonógrafo 

Thomas Alva Edison 

1895 Rádio 

Guglielmo Marconi

1895 Cinema 

Irmãos Lumière 


 

  • No século XX, a verdadeira revolução nas comunicações:

Graças á alta tecnologia alcançada neste setor, as comunicações são como que o coração da civilização atual. Satélites artificiais e computadores permitem o recebimento e a transmissão de imagens e sons em todo o mundo, fazendo com que a sociedade moderna seja conhecida como a sociedade da informação e da informática.


 

Veja no quadro alguns fatos que transformaram totalmente a vida do ser humano moderno:

1920 

Primeiros programas diários de rádio

1926 

Primeiras transmissões de imagens com movimento 

1936 

Primeira transmissão regular de programas de televisão(BBC de Londres) 

1946 

Invenção do computador pelos norte-americanos J. Eckert e J. Mauchly  

1957 

Lançamento do satélite artificial Sputinik pela então União Soviética

1961 

Primeira viagem ao espaço, realizada pelo soviético Iúri Gagárin 

1962 

Lançamento do Satélite Telstar

1969 

Primeira viagem à Lua, realizada pela nave dos EUA Apolo 11

1971 

Invenção do microcomputador

1974 

Primeiro aparelho de fax transmite uma página em seis minutos 

1979  

Invenção do videocassete 

1983 

Primeiro sistema de telefone celular nos EUA (implantado pela empresa Motorola)

1987 

São vendidos os primeiros produtos de realidade virtual


 

Poderíamos listar outros elementos nesta tabela de invenções importantes no desenvolvimento dos meios de comunicação. Você pode estar fazendo esta complementação. Mas, devemos nos perguntar: A maioria da população mundial tem acesso a estes meios de comunicação? A distribuição dos meios de comunicação depende do poder econômico das nações e das pessoas?"


 

4. A realidade em foco

A comunicação, como afirmado várias vezes neste material, é próprio de todos os seres humanos; contudo, os meios de comunicação nem sempre são acessíveis a todas as pessoas.

Assim sendo, vamos analisar este fato a partir do texto "a distribuição dos meios de comunicação depende do poder econômico das nações e das pessoas", buscando perceber como isto ocorre em sua região, em seu município.


 

Vamos ler o texto:

"A distribuição dos meios de comunicação depende do poder econômico das nações e das pessoas":

"Em geral os meios de comunicação têm custo muito alto. Da mesma maneira que no Brasil um televisor ou o direito de usar uma linha telefônica são aquisições caras para as pessoas, a instalação ou o aperfeiçoamento de sofisticados sistemas de comunicação exigem investimentos muitos altos. Daí podermos concluir que, quanto mais rico for um país, mais evoluídos serão os seus meios de comunicação. E isso geralmente tornou-se um privilégio desses países.

Nos países pobres ou intermediários, os meios de comunicação são deficientes, pois esses países têm muita dificuldade em pesquisar, adquirir aparelhamentos e empregar sistemas de alta tecnologia. Como não conseguem alcançar o mesmo nível tecnológico dos países ricos, os países mais pobres tornam-se dependentes deles. É através dos países ricos que eles têm acesso às informações sobre o que acontece de importante no mundo.

O Brasil ainda não tem condições de montar um sistema de comunicação capaz de cobrir a grande extensão do seu território. Portanto, as áreas mais ricas e desenvolvidas conhecem os meios mais avançados, enquanto as mais pobres ficam praticamente isoladas.

Apesar dos altos custos, é preciso investir principalmente nos chamados meios de comunicação de massa, como o rádio, a televisão e o jornal. Esses meios permitem multiplicar extraordinariamente o volume e a rapidez das informações.

De todos eles, o rádio é o que consegue a maior penetração. Ele chega a todo o território nacional e é acessível a todas as camadas da população. Sem dúvida, o rádio atinge um público muito maior do que a televisão e o jornal. Em determinadas áreas, principalmente onde o número de analfabetos é grande, o rádio é a mais importante fonte de informação.

Grande parte do território brasileiro é coberta pelos correios e telégrafos.

O telefone, que permite uma comunicação direta e instantânea entre as pessoas, alcança com dificuldade as regiões mais pobres ou mais distantes do nosso país; às vezes nem chega a essas regiões.

Em muitos lugares as linhas telefônicas são raras e sua distribuição é bem irregular. Acontece que elas dependem da riqueza do Estado e do poder aquisitivo das pessoas. É isso que ocorre nas diferentes regiões brasileiras e, em escala maior, em todo o mundo.

Na verdade a distribuição não só de telefones, mas de todos os outros meios de comunicação depende muito do poder econômico do município, do Estado, do país e da sua população.

Além desses, existem outros meios muito mais sofisticados, como os satélites de comunicação, por exemplo. Os satélites oferecem ao mundo informações de todo tipo, no momento exato de um acontecimento, em qualquer parte do planeta. Por exigir tecnologia especializada, este é um sistema muito caro e acessível apenas aos países ricos, que por isso lideram o mundo das comunicações da sociedade moderna."


 

Faça um comentário sobre este texto, dialogando com seus colegas de turma.


 

Reflita também: Como os meios de comunicação colaboram com o desenvolvimento local? E, da mesma forma, como eles podem ampliar as desigualdades entre as pessoas na sociedade?


 


 


 

Preparando a próxima aula

Na aula 4 (próxima aula) estaremos trabalhando com o tema "processo sociais: cooperação e competição". Assim sendo, pedimos que:


 

  1. Recorte de jornais e revistas exemplos de diferentes tipos de processos sociais.
  2. Faça um mapeamento dos processos de cooperação que você conhece? Quais existem em sua região? Descreva-os.
  3. Faça um mapeamento dos processo de competição que você conhece? Quais existem em sua região? Descreva-os.
  4. Levante suas dúvidas ou questões sobre o conteúdo do material dessa aula 6, para na próxima aula podermos esclarecer.


 


 

Referências Bibliográficas


 

  1. LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral, 6ª ed., São Paulo, Editora Atlas, 1990.


 

  1. VILA NOVA, Sebastião. Introdução à sociologia, 3ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 1995.


 

  1. ARANHA, Maria Lucia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires Filosofando: introdução à filosofia, 2a. edição, São Paulo, Editora Moderna, 1996.


 

  1. CHARON, Joel M. Sociologia, tradução de Laura Teixeira Motta, São Paulo, Editora Saraiva, 2000.


 

  1. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia, 24a. edição, São Paulo, Editora Ática, 2001.


 

  1. HORTON, Paul B. & HUNT, Chester L. Sociologia, São Paulo, Editora McGraw-Hill, 1980.


 

  1. BELTRAME, Zoraide Victorello. Geografia ativa – Brasil: a paisagem regional humanizada, 44a. edição (revisada e atualizada), v. 2, São Paulo, Editora Ática, 1998.


 

  1. VERÍSSIMO, Luís Fernando. O marido do Doutor Pompeu, Porto Alegre, L&PM, 1987.


 

1a. aula: Construção Histórica da Sociologia

Almir Sandro Rodrigues


 

"Aula de vôo"

O conhecimento

Caminha feito lagarta.

Primeiro não sabe que sabe.

E voraz contenta-se com o cotidiano orvalho

Deixado nas folhas vividas das manhãs.


 

Depois pensa que sabe

E se fecha em si mesmo:

Faz muralhas

Cava trincheiras,

Ergue barricadas.

Defendendo o que pensa saber

Levanta certeza na forma de muro

Orgulha-se de seu casulo.


 

Até que maduro

Explode em vôos

Rindo do tempo que imaginava saber

Ou guardava preso o que sabia.

Voa alto sua ousadia

Reconhecendo o suor dos séculos

No orvalho de cada dia.


 

Mesmo o vôo mais belo

Descobre um dia não ser eterno

É tempo de acasalar

Voltar à terra com seus ovos

À espera de novas e prosaicas lagartas.


 

O conhecimento é assim

Ri de si mesmo

E de suas certezas.

É meta da forma

    Metamorfose

    Movimento

Fluir do tempo

Que tanto cria como arrasa

A nos mostrar que para o vôo

É preciso tanto o casulo como a asa.

Apresentação:

Estamos iniciando as nossas aulas de Sociologia da Educação no curso Pedagogia da Faculdade Pe. João Bagozzi, tendo por objetivo maior propiciar aos educandos e educandas conhecimentos e habilidades necessárias para compreenderem melhor a sociedade, as relações sociais pelas quais interagem os seres humanos, perceber o como superar problemas e conflitos que são construídos no processo sócio-histórico.

A sociologia é uma ciência que pode nos possibilitar ver melhor os acontecimentos em sociedade, pois todo ser humano é um ser social. E, como ser social dependemos do processo de socialização para melhor interagir com os outros.

É importante também perceber que a sociedade rege-se por normas e regras construídas pelos agrupamentos sociais e, que, muitas vezes, definem padrões sociais alicerçados nas diferenças culturais, religiosas, econômicas, políticas e sociais. Essas diferenças podem construir relações sociais desiguais ou fraternas.

Enfim, estaremos em 10 aulas convivendo e buscando construir um processo de educação baseado na mútua-ajuda, na relação de solidariedade entre seus atores sociais, ou seja, nós.

Vamos lá!


 

Índice:

Ementa    2

Objetivo Geral    2

Objetivos Específicos    2

1. Impulso inicial: "Dinâmica da Ilha"    3

2. Por que sociologia?    4

2.1- Conceitos    4

2.2- Construção histórica da sociologia    4

3. A realidade em foco    5

Preparando a próxima aula    7

Referências Bibliográficas    7


 


 

Ementa

Estaremos abordando ao longo desta aula os seguintes conteúdos: Conceitos de sociedade. Construção histórica e conceitos de sociologia. A importância da Sociologia. O uso da sociologia na análise da realidade.


 

Objetivo Geral

Possibilitar que os educandos e as educandas do Normal Superior conheçam a construção histórica da Sociologia.


 

Objetivos Específicos

  • Construir com os(as) educandos(as) a percepção de sociedade e suas diversas concepções.
  • Reconstituir com os(as) educandos(as) alguns conceitos de sociologia.
  • Compreender o processo de construção histórica da sociologia.


 


 

1. Impulso inicial: "Dinâmica da Ilha"


 

É fundamental para podermos iniciar nossas aulas de sociologia pensarmos o que é viver em sociedade, para isso vamos desenvolver a atividade conhecida por Dinâmica da Ilha, que pode ser desenvolvida individualmente ou, preferencialmente, em grupo. O objetivo desta atividade é debater sobre sociedade e suas diferentes concepções.


 

Vamos lá:

  • Estávamos viajando, de navio ou barco, para um destino distante de nossa origem, infelizmente naufragamos. Todos são obrigados a nadar rapidamente até uma ilha. Não tivemos nenhuma perda humana (ninguém morreu), pois, por sorte, esta ilha localizava-se perto do local do naufrágio e, por azar, muito longe do local de origem e do destino inicial. Também, por sorte, a ilha reúne todas as condições naturais para a sobrevivência, mas:
  • Não há a menor possibilidade de sair da ilha, de resgate ou de retorno à "civilização".
  • Não foi possível levar nada, tudo que era instrumento ou recurso que trazíamos no barco afundou no naufrágio. Só dá para contar com as pessoas e com os recursos naturais da ilha. (Observe que você não está sozinho na ilha).


 


 

Pergunta fundamental: O que é necessário para sobreviver na ilha?


 


 

  • Após a realização da dinâmica, procure responder as seguintes questões:
  1. O que é uma sociedade?
  2. Quais as relações que podem existir numa sociedade?
  3. O que é preciso para poder viver em sociedade e como você se sente vivendo em sociedade?


 

Para aprofundar:

Alguns conceitos: O que é sociedade?


 

  • Podemos compreender:

"... uma espécie de contextura formada entre todos os homens e na qual uns dependem dos outros, sem exceção; na qual o todo só pode subsistir em virtude da unidade das funções assumidas pelos co-participantes, a cada um dos quais se atribui, em princípio, uma tarefa funcional; e onde todos os indivíduos, por seu turno, estão condicionados, em grande parte, pela sua participação no contexto geral."


 

  • ou ainda, pode ser:


 

"A rede de relações sociais entre os indivíduos tende a ser cada vez mais densa; é cada vez mais reduzido o âmbito em que o homem pode subsistir sem elas."


 

2. Por que sociologia?

Estaremos nesta parte do material abordando alguns elementos básicos sobre conceitos e a construção histórica da Sociologia.


 

2.1- Conceitos

As relações sociais são fundamentais para a sobrevivência dos seres humanos, pois se observarmos a sociedade, evidenciamos que além das pessoas comerem, dormirem, respirarem, elas convivem em diversos espaços – trabalho, família, religião, lazer, organizações sociais, escola e outros. Nestes espaços as pessoas trabalham em troca de salário, se organizam em associações, sindicatos, vão assistir a um jogo de futebol, assumem o compromisso matrimonial. É possível pensar o ser humano sem estar vinculado a estas relações sociais?


 

Segundo o sociólogo Pérsio S. de Oliveira, "as pessoas apresentam os mais variados comportamentos. Alguns destes comportamentos – como andar, respirar, dormir – são comportamentos estritamente individuais, que se originam no indivíduo enquanto organismo biológico. Esses tipos de comportamento são estudados pelas Ciências Físicas e Biológicas. Por outro lado, receber salário, fazer greve, casar-se, são comportamentos sociais, pois só existem porque existe a sociedade, porque ao longo da História o homem organizou sua vida em grupo. Cabe às Ciências Sociais (sociologia) pesquisar e estudar o comportamento social humano e suas várias formas de organização"


 

Neste sentido podemos afirmar que a sociologia é a ciência que estuda o comportamento social de grupos humanos.


 

A sociologia faz o:

  • estudo das estruturas sociais: origem e forma das sociedades, tipos de organizações sociais, econômicas e políticas;
  • estudo das relações sociais e de suas transformações;
  • estudo das instituições sociais (origem, forma, sentido).


 

Portanto, a sociologia tem o intuito de aprofundar o conhecimento sobre o ser humano e a sociedade, através da investigação científica.


 

A sociologia "cumpre, portanto, um papel fundamental num mundo de mudanças e agitações sociais. Ela nos permite entender melhor a sociedade em que vivemos e compreender os fatos e processos sociais que nos rodeiam".


 

2.2- Construção histórica da sociologia

Refletir sobre os grupos e as sociedade em que vivem, como se organizam, compreender suas relações sociais, políticas, econômicas, culturais, sempre foram foco do olhar dos seres humanos ao longo da existência histórica da humanidade.


 

Vamos ver alguns recortes sociológicos na história:

  • Na antiguidade Aristóteles (384-322 a.C.) afirmava que "o homem nasce para viver em sociedade" (obra: Política).


 

  • No século XVIII, Giambattista Vico afirma que "o mundo social é, com toda certeza, obra do homem" (obra: A nova ciência). Já Rosseau diz que o ser humano sofre influência direta da sociedade, ou seja, "o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe" (obra: O contrato social).


 

  • Enfim, é no século XIX que a sociologia, enquanto ciência e área de investigação dos fatos sociais alcança um patamar de cientificidade, principalmente com Augusto Comte (primeiro a usar a palavra sociologia) e Émile Durkheim, Max Weber (ação social), Karl Marx (classe social).


 

Durkheim (1858-1917) "formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais".


 

Na próxima aula estaremos conhecendo alguns conceitos da sociologia, como "fato social", propostos por Durkheim e outros cientistas sociais.


 

Para refletir:

  1. Qual a importância da sociologia para nós seres humanos?
  2. Por que sentimos a necessidade de refletirmos sobre as relações sociais, políticas, econômicas, culturais dos seres humanos?
  3. Faça uma breve pesquisa sobre as origens históricas da sociologia. Por que a sociologia surgiu e quais as suas funções?


 

3. A realidade em foco

Neste momento é fundamental que você faça o processo de observação, análise e síntese, dos fatos sociais construídos em sociedade e, para tal, é essencial vislumbrar os vários aspectos que compõem nossa realidade.


 

Com esta perspectiva, desenvolva a leitura e interpretação do artigo "O Brasil do Terceiro Milênio" (encarte História do Brasil: os 500 anos do país, da Folha de S. Paulo, 1997).


 

O Brasil do Terceiro Milênio

"O país do futuro é uma terra de contrastes. Mais que dois chavões desgastados, as definições dadas ao Brasil, nos anos 50, pelo escritor austríaco Stefan Zweig e pelo sociólogo francês Roger Bastide se tornaram expressões pertubadoras. No alvorecer do terceiro milênio, o Brasil continua sendo, e é cada vez mais, um país de contrastes: a nação que possui a 11ª economia do mundo é a mesma que ocupa o 74º lugar no ranking de qualidade de vida. Em São Paulo, cidade mais rica da América Latina, pagam-se os salários mais baixos do continente. No país da Quarta maior rede de televisão do mundo, os índices de analfabetismo são comparáveis aos das nações mais miseráveis da África. Na nação que possui a maior floresta e o segundo maior rio do mundo, quase todos os rios são esgotos e o desmatamento engole milhares de hectares todos os dias.

A alma política, econômica, social e ecológica da nação parece sofrer de síndrome da personalidade bipartida: este país ainda não decidiu se deve ser o "médico" ou o "monstro". É o país que, muito propriamente, já foi batizado de Belíndia: uma inquietante mistura da Bélgica com a Índia. Ao chamar o Brasil de "terra de contrastes" em 1954, Roger Bastide se referia a complexidade muito menos cruéis; muito mais geográficas e impressionistas do que sociais e econômicas. Mas a pátria do homem cordial acabou se tornando também o paraíso da injustiça social.

Quase meio século depois do suicídio do escritor Stefan Zweig, o Brasil continua sendo o "país do futuro" – só que do pretérito. Austríaco de nascimento, Zweig chegou ao país após a Segunda Guerra Mundial. Mudou-se para Petrópolis/RJ e lá, encantado com o viço da natureza tropical, com a harmonia contrita com a qual os imigrantes alemães construíram suas vidas, com a amplitude das possibilidades, as benesses do clima e a fecundidade da terra, Zweig compôs um hino de louvação ao Brasil. Lido hoje, seu livro adquire um tom profundamente melancólico.

Ainda assim, o país que tentou construir 50 anos em 5; que sobreviveu aos anos de chumbo e aos anos "colloridos"; que mudou três vezes de moeda em menos de uma década; que tem a maior dívida externa do mundo e gasta mais do que arrecada; que maltrata seus velhos e suas crianças tem todas as chances de transformar "seria" em "será" e o "será", por fim, em "é". Não se trata de simples retórica: apontado pelo "The Wall Street Journal" como uma das três potências emergentes do final de século, o Brasil dispõe das condições necessárias para se tornar uma das nações mais poderosas do mundo. Mas, como ao longo dos primeiros 500 anos de sua história, os descaminhos do país têm sido maiores que os acertos, a radiografia do presente implica uma previsão sombria do futuro. Futuro que, de qualquer maneira, depende de todos nós."


 

O Brasil das Crianças:

Apesar de não ser mais um país predominantemente "jovem",

vivem no Brasil cerca de 35 milhões de crianças.

mais de 70% delas são pobres e cerca de 7 milhões

trabalham até 12 horas por dia.


 

Para finalizar:

  1. Qual foi a análise realizada pelo sociólogo francês Roger Bastide, citado no texto da Folha de S. Paulo, sobre o Brasil?
  2. Você concorda com a opinião desse sociólogo?
  3. Qual é a posição do jornalista que escreve o artigo da Folha de S. Paulo?
  4. E, qual a sua opinião sobre o tema abordado pelo texto: O Brasil do Terceiro Milênio?


 


 

Preparando a próxima aula

Realize uma pesquisa nos periódicos (jornais, revistas, folhetos e outros) de sua região, estaduais e/ou nacionais, com o objetivo de perceber quais são os fatos sociais que podem ser frutos da reflexão sociológica.


 

Esta pesquisa pode ser fonte para podermos melhor construir o conceito de sociologia e, também, para entendermos melhor qual é o objeto de estudo desta ciência sociológica.


 

Assim sendo, organize perguntas ou levante as dúvidas referentes a esta primeira unidade, para aprofundarmos em nossas próximas aulas os conhecimentos da Sociologia.


 


 


 

Referências Bibliográficas


 

  1. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia, 9a. edição, São Paulo, Editora Ática, 1994.


 

  1. TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à sociologia, São Paulo, Editora Atual, 1993.


 

  1. HORKHEIMER, Max & ADORNO, Theodor W. Temas básicos da sociologia (cap.II: "Sociedade"), tradução de Álvaro Cabral, São Paulo, Editora Cultrix – Editora da USP, 1973.


 

  1. SCOTSON, John. Introdução à sociedade: uma introdução básica à sociologia, tradução de Graça Silveira, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1976.


 

  1. MARTINS, Carlos B. O que é sociologia, São Paulo, Editora Brasiliense, 1986.


 

  1. COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade, São Paulo, Editora Moderna, 1987.


 

  1. FOLHA DE S. PAULO. História do Brasil (elaboração de Eduardo Bueno, Zero Hora), São Paulo, PUBLIFOLHA, 1997, p. 289.


 


 

Pós- graduação BAGOZZI - MBA em Gestão de Pessoas

Disciplina: Gestão de mudanças e dos aspectos da cultura organizacional

Ano de referência: 2008

Professora: Francine Wosniak


 


 


 

Considerando os artigos anexos referentes à cultura organizacional e gestão de mudanças, bem como, as referências bibliográficas constantes no plano de disciplina, elabore um artigo científico, de acordo com os critérios disponíveis no site institucional do BAGOZZI, o qual deve:


 


 

  1. Estar de acordo com as normas definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
  2. Respeitar rigorosamente o formato adotado pela Instituição de Ensino e disponível no site: www.posbagozzi.com.br/metodologia ;
  3. O artigo deverá conter no mínimo 10 (dez) e máximo 15 (quinze) páginas, incluindo as referências bibliográficas;
  4. Toda a fundamentação teórica do texto deverá ser referenciada, ou seja, deverá indicar os autores utilizados;
  5. A metodologia utilizada deverá ser descrita e fundamentada corretamente;
  6. A aluna deverá incluir no texto os principais conceitos abordados pelos autores, nos diferentes artigos, comentando os aspectos semelhantes e discordantes entre os mesmos;
  7. A conclusão deverá retratar as principais idéias e considerações efetuadas pela aluna, bem como, seu posicionamento quanto aos conteúdos abordados pelos autores lidos, justificando seu parecer (se concorda ou não e por que);
  8. Em caso de dúvidas, estou à disposição no franwosniak@ig.com.br


 

Bom estudo!

A FIXAÇÃO DAS CRENÇAS E SUA RELAÇÃO COM A VERDADE SEGUNDO

CHARLES S. PEIRCE.


 

Fred Carlos Trevisan1


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

1 INTRODUÇÃO


 


 


 

Um dos grandes questionamentos do ser humano é sem dúvidas sobre a

verdade, pois o ser humano precisa de certas verdades para progredir no domínio

do conhecimento.


 

A crença verdadeira é aquela que de alguma forma não poderia ser

melhorada, e que sempre resistiria ao desafios da argumentação e da

demonstração. A verdade é algo firme, não se alterando de pessoa para pessoa

ou mesmo de cultura para cultura. Peirce, afirma que há uma verdade para qual

nossos juízos, sejam eles morais ou não, podem almejar.


 

Nossas crenças orientam nossos desejos e, de certa forma, criam em nós

uma espécie de hábito, que por sua vez determinará nossas ações. Assim, uma

crença é a crença que melhor resistiria ao desafios da argumentação e da

demonstração ou, então, não é.


 

O trabalho que se segue é uma tentativa de compreensão e possível

analise acerca de um texto, muito consagrado, de C. S. Peirce, a saber, A

fixação das crenças.


 


 


 


 


 

2 A FIXAÇÃO DAS CRENÇAS E SUA RELAÇÃO COM A VERDADE


 


 


 

Em seu texto, A fixação da crença, Peirce começa por afirmar que a

capacidade de traçar inferências é mais uma arte resultante de um trabalho de

aprendizado, longo e difícil, do que um dom natural do homem. Esta capacidade


 


 


 

1 Mestrando em Filosofia da PUCSP e Professor da FAPI, FAEL, FACSUL, ESEEI e da Pós-Graduação das

Faculdades Bagozzi


 

 

de traçar inferências é a última das faculdades sobre a qual o homem adquire

amplo domínio.


 

Fundamentalmente somos animais lógicos, contudo não de maneira

perfeita. Do ponto de vista da lógica não se justifica, por exemplo, a confiança e a

esperança da maior parte dos brasileiros com relação ao futuro, no entanto,

parece que, quanto menos acontecimentos para atrapalhar, mais felizes ficam,

como se o efeito da experiência fosse o de escolher os desejos e expectativas.

"Ser lógico em relação a questões práticas (entendendo a expressão não em seu

vetusto sentido, mas como corresponde a sábia união da segurança com o

proveito do raciocínio) é o dom mais útil que um animal pode possuir, caberia,

pois, aceitar que decorresse do processo de seleção natural."

(PEIRCE,1988,p.177)2. E conclui Peirce dizendo que provavelmente é mais

vantajoso ter o espírito ocupado com visões agradáveis e estimulantes sem,

contudo ter o compromisso de serem elas verdadeiras.


 

Seja tendência de espírito constitucional ou adquirida é ela que nos

conduz, dadas certas premissas, a emitir esta ou aquela conclusão. E a tendência

de espírito será adequada ou não a partir de premissas verdadeiras. E assim "uma

inferência é tida por valida ou não independentemente de referência à verdade ou

falsidade da conclusão a que leva e apenas considerando ser a tendência que

determina essa conclusão tal que, em geral, conduz ou não a conclusões

verdadeiras". (PEIRCE, 1988,p.179). E o princípio orientador da inferência é uma

tendência de espírito que disciplina se esta ou aquela inferência pode ser

formulada por uma proposição cuja verdade depende, a principio, da validade das

inferências que a tendência determina.


 


 


 

2 O texto, "A fixação das crenças", utilizado se encontra em VERICAT, J. Charles S. Peirce. El hombre, um

signo (El pragmatismo de Peirce). Barcelona: Crítica, 1988. p. 175-199. A fixação das crenças,

correspondente a 1877, se publicou originalmente nos Popular Science Monthly. O texto se encontra em CP

5.358-387.


 

 

Ao se formular uma indagação lógica, muitos fatos já estão presumidos,

que existam estados de espírito, como o da dúvida e o da crença e que é plausível

permanecendo o mesmo objeto de pensamento, a transição de um para o outro,

estando sujeito a certas regras.


 

De qualquer forma, sabemos quando é do nosso desejo duvidar ou crer,

formular perguntas ou juízos, pois há diferenças entre a sensação de crer e a de

duvidar. Peirce distingue a dúvida da crença e aponta uma diferença prática:

"Nossas crenças orientam nossos desejos e dão contorno a nossas ações"

(PEIRCE,1988,p.182).


 

A crença, de certa forma, cria em nós uma espécie de hábito, que por sua

vez determinará nossas ações, "O sentimento de crença é indicação mais ou

menos segura de se ter estabelecido em nossa natureza um certo hábito que

determinará nossas ações".(PEIRCE,1988,p.182). A dúvida jamais acompanha tal

efeito.


 

A sensação de dúvida é um estado incômodo e desagradável, do qual

lutamos por libertar-nos. Buscamos chegar ao estado da crença, pois esta é um

estado de tranqüilidade e satisfação do qual não queremos sair, "A dúvida é um

estado de inquietude e insatisfação, do qual lutamos por libertar-nos e passar ao

estado de crença; este é um estado de tranqüilidade e satisfação que não

desejamos evitar ou transformar na crença em algo diverso"

(PEIRCE,1988,p.182). Se duvidássemos da segurança de nossa habitação, por

exemplo, acreditando que a qualquer momento ela pudesse desmoronar sobre

nós, viveríamos em um constante estado de incomodação. Contudo, buscamos

nos libertar desta incomodação e passar a um estado de tranqüilidade. Apegamo-


 

 

nos a crença de que nossa habitação é segura e mais ainda, agarramo-nos

persistentemente a crer na crença de que nossa habitação é segura.


 

A crença verdadeira é aquela a qual chegaríamos se inquiríssemos tanto

quanto pudéssemos sobre um determinado assunto. Segundo Peirce, "Quando

um homem deseja ardentemente conhecer a verdade, seu maior esforço será

imaginar que esta verdade pode existir" (PEIRCE,1997,p.48), assim, uma crença

verdadeira é uma crença que, de alguma maneira, não poderia ser melhorada,

não importando o quanto investigássemos e debatêssemos ela sempre se

contraporia aos desafios da razão e da argumentação.


 

Contudo, segundo Peirce, a dúvida e a crença têm sobre nós efeitos

positivos, porém muito diversos. A crença não nos leva a agir de imediato, mas

nos deixa em uma situação que, em determinada ocasião, nos comportaremos de

acordo com os padrões de nossa crença. A dúvida, contudo não tem esse efeito

ativo, assim estimula-nos a indagar até vê-la destruída.


 

A irritação da dúvida conduz a um esforço por atingir um estado de

crença "A irritação da dúvida é o único motivo imediato da luta por alcançar a

crença" (PEIRCE,1988,p.183). A esse esforço, Peirce, denominou investigação

embora ele admita que, por vezes, tal designação não se mostre muito adequada.


 

É muito conveniente serem nossas crenças tais que orientem

devidamente nossas ações, de maneira a satisfazer nossos desejos. Esta reflexão

nos conduzirá a rejeitar toda crença que não parece ter-se estruturado para

garantir este resultado. Segundo peirce, isto só acontece se uma dúvida substituir

a crença "Com a dúvida, a luta começa e tem fim quando cessa a dúvida."

(PEIRCE,1988,p.183).


 

 

Buscamos sempre uma crença que julgamos verdadeira. E julgamos que

são verdadeiras todas as nossas crenças. Assim sendo, o único objetivo da

investigação, de acordo com Peirce, é o acordo de opiniões.


 

Peirce alude, ao longo do texto quatro métodos de fixar as crenças, a

saber: o método da tenacidade, o método da autoridade, o método a priori e o

método científico.


 

Peirce, através de uma indagação, começa a esquadrinhar uma teoria

acerca de seu primeiro método de fixar as crenças. Esse método, foi

denominado de método da tenacidade "Se o acordo de opiniões é o objetivo único

da investigação e se a crença reveste a natureza de um hábito, por que não

atingiríamos o alvo desejado tomando a resposta a uma indagação qualquer,

repetindo-a constantemente a nossos próprios ouvidos, apegando-nos, com

desgosto e irritação, de tudo quanto possa perturbá-la?". (PEIRCE,1988,p.186).


 

A pessoa acredita que evitando a dúvida e agarrando-se tenazmente em

sua crença, esta o será por completo satisfatória."Não se pode negar que a fé

sólida e imutável proporciona grande paz mental".( PEIRCE,1988,p.186). Peirce

da o exemplo do avestruz que ao menor sinal de perigo enterra a cabeça na areia,

e dissimulando o perigo diz a si mesmo que o perigo não existe.


 

É muito provável que agindo dessa forma dê margem a incoerências,

Peirce da o exemplo de um homem que resolutamente acredita que o fogo não

queimará, se insistir em se aproximar demais do fogo, crendo ou não, esse lhe

trará certas inconveniências. Contudo lembra Peirce "Contudo, o homem que se

inclina por esse procedimento não permitirá que suas inconveniências superem as

vantagens." (PEIRCE,1988,p.186)


 

 

Sem dúvidas que este método de fixar a crença, a tenacidade, é o

caminho mais fácil, contudo será incapaz de sustentar-se na prática pois a

corrente social lhe é contrária "Brota de um impulso demasiadamente forte para

ser suprimido sem risco de destruição da espécie humana. A menos que nos

façamos eremitas, haverá necessariamente recíproca influência de opiniões; e,

dessa maneira, o problema se transforma no de saber como fixar a crença não

simplesmente no individuo, mas na comunidade." (PEIRCE,1988,p.187).


 

Em uma sociedade dividida, em lutas, subordinada uma hora por uns,

outra hora por outros, os homens perdem suas concepções de verdade e razão e

passam a trabalhar por todos os meios, ao seu alcance para silenciar seus

adversários, pois, para eles, a verdade é aquilo pela qual lutam. De acordo com

Peirce "O seguinte passo que se pode esperar em um desenvolvimento lógico não

interrompido por ocasiões incidentes consistirá em reconhecer que uma

autoridade central deve determinar as crenças da comunidade inteira. Até onde

chegam moral e religião, este plano chega admiravelmente seu propósito de

produzir uniformidade." (PEIRCE,1997,p.56), o método da autoridade, desde os

primórdios, um dos principais meios de sustentação de certas doutrinas teológicas

e políticas.


 

Apesar deste sistema dispor de procedimentos cruéis, devemos

reconhecer sua superioridade mental e intelectual sobre o método da tenacidade,

"Seu êxito é proporcionalmente maior; e, em verdade, ele tem, repetidamente,

produzido imponentes resultados." (PEIRCE,1988,p.189).


 

Não obstante os imponentes resultados, nenhum credo, ao longo do

tempo tem se mantido sempre idêntico a si mesmo. Entretanto a mudança é tão


 

 

lenta que se torna imperceptível ao longo de uma vida e por isso a crença

individual permanece fixa. Para a massa da humanidade este é, talvez, o melhor

método. Pois "o mais intenso impulso que experimentamos leva a serem escravos

intelectuais, escravos devem continuar". (PEIRCE,1988,p.189).


 

O método a priori, que segundo Peirce, não difere essencialmente do

método da autoridade, é o terceiro método de fixar as crenças.


 

Peirce afirma que, nenhuma instituição poderá regulamentar as opiniões

sobre todos os assuntos. De modo que só poderá regulamentar os de maior

importância, ficando os de menor importância à ação das causas naturais, isso

não é necessariamente uma fraqueza, não enquanto os homens se mantiverem

isolados de modo que as opiniões não se influenciem reciprocamente. Contudo, a

história tem demonstrado que até mesmo nos Estados onde acontece um maior

domínio clerical, existem sempre pessoas que conseguem ultrapassar esta

condição, "percebem que em outras regiões, e outras idades, os homens

cultivaram doutrinas muito diversas daquelas que eles foram ensinados a

professar" (PEIRCE,1988,p.189), e assim estes homens chegam a conclusão de

que foi mero acidente terem aprendido o que aprenderam e estarem rodeados de

certa cultura e de certos hábitos o que os levou a acreditarem no que acreditam.

E, desse modo, Peirce conclui que "a dúvida surge nos espíritos"

(PEIRCE,1988,p.189).


 

Com isso, a deliberada adesão a uma certa crença e sua imposição aos

demais deve ser dispensada. Então "Há de ser adotado um método diferente de

ajustar opiniões e ele deverá não só induzir a crer, mas permitir escolha da

proposição em que se deva crer." (PEIRCE,1988,p.191). Este método não oferece


 

 

obstáculos à ação das preferências naturais e que sob sua influencia os homens

possam desenvolver crenças que se harmonizem com as causas naturais. Este

método, em comparação com os anteriores, é considerado por Peirce muito mais

intelectual e, do ponto da razão muito mais respeitável também.


 

Por fim, Peirce atenta para a necessidade de que haja um método que

não seja determinado por algo humano, mas antes por algo externo e estável, e

assim que possa afetar todas as pessoas. Ainda que as maneiras de afetar sejam

completamente distintas do ponto de vista das condições individuais, o método

deve ser tal que as conclusões últimas de todas as pessoas sejam sempre as

mesmas.


 

O método ao qual Peirce se refere é o método científico, cuja hipótese

fundamental é de que existem Reais que independem de nossas opiniões a

respeito delas. E assim, esses "Reais afetam nossos sentidos segundo leis

regulares e conquanto nossas sensações sejam tão diversas quanto nossas

relações com os objetos, poderemos, valendo-nos das leis da percepção,

averiguar, através do raciocínio, como efetivamente as coisas são;"

(PEIRCE,1988,p.193), e toda pessoa, desde que possua experiência bastante e

raciocine suficientemente acerca do assunto, chegará a uma conclusão única e

Verdadeira. A concepção nova, que Peirce introduz, é a de Realidade.


 

Este é o único dos quatro métodos que distingue uma forma certa de uma

forma errada. Contudo não se deve supor que os outros três métodos não

possuam vantagens sobre o método científico, ou que o método científico seja a

solução definitiva. Pois, as pessoas que conhecem a ciência por seus resultados

são geralmente aptas por aceitar a noção de que todo o universo já está


 

 

totalmente explicado em suas partes principais, mas quanto a isso Peirce adverte

dizendo que "não obstante tudo o que se foi descoberto desde a época de

Newton, aquele dito de que somos crianças que recolhem formosas pedrinhas na

praia enquanto o oceano repousa em seu dorso inexplorado, segue sendo

substancialmente tão verdadeiro como sempre e o será ainda que recorramos as

formosas pedrinhas com espátulas mecânicas e as transportemos em furgões."

(PEIRCE,1997,p.75). Cada método a partir de suas especificidade possui certas

vantagens e o que importa é escolhermos e uma vez feita, a escolha nos obriga a

adesão "A força do hábito fará, muitas vezes, com que o homem mantenha velhas

crenças, mesmo depois de adquirir condição de perceber que elas são

desprovidas de base sólida".(PEIRCE,1988,p.195). Só a reflexão permitirá um

domínio sobre estes hábitos e o homem deve conceder para a reflexão o seu peso

total.


 


 


 


 


 

3 CONCLUSÃO


 


 


 

Peirce fala da necessidade de um método por força do qual nossas

crenças passem a ser determinadas por algo externo e estável, não por algo

humano, "por algo sobre a qual nossa reflexão não tenha efeito"

(PEIRCE,1988,p.193).


 

O método ao qual Peirce se refere é o método da ciência, cuja sua

hipótese é que existam coisas Reais, que independem de nossas opiniões a

respeito delas "Esses reais afetam nossos sentidos segundo leis regulares e


 

 

conquanto nossas sensações sejam tão diversas quanto nossas relações com os

objetos". (PEIRCE,1988,p.194). E assim, poderemos valendo-nos das leis da

percepção, averiguar como verdadeiramente as coisas são.


 

Em seu texto "A natureza da ciência", Peirce deixa claro que o que ele

entende por ciência é "a vida dedicada à busca da verdade de acordo com os

melhores métodos conhecidos por parte de um grupo de homens que se

entendem as idéias e os trabalhos uns dos outros como nenhum estranho pode

fazê-lo" (PEIRCE,1996,p.1437), e esta ciência da qual ele fala não são os estudos

solitários de um homem ilhado, mas antes "Só quando um grupo de homens, mais

ou menos em intercomunicação, se ajudam e se estimulam uns aos outros ao

compreender um conjunto particular de estudos como nenhum estranho pode

compreendê-los, chamo a sua vida ciência." (PEIRCE,1996,p.1437).


 

Muitas vezes, as pessoas se recusam a proceder assim tendo a idéia de

que as crenças constituem um todo que elas não podem imaginar que se apóie no

nada. E, sobre essas pessoas Peirce conclui dizendo que está "em lamentável

estado de espírito a pessoa que admite a existência de uma coisa chamada

verdade, distinta da falsidade simplesmente pelo fato de que, se agirmos fundados

nela, de olhos abertos, chegaremos ao ponto desejado e não nos perderemos e

que, não obstante convencida disso, ousa desconhecer a mesma verdade e busca

evitá-la" (PEIRCE,1988,p.196).


 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


 


 


 

ANUARIO FILOSOFICO. Navarra: UN, 1996.


 

PEIRCE, C. S. Escritos Filosóficos. Colegio de Michoacán: México, 1997.


 

VERICAT, J. Charles S. Peirce. El hombre, um signo (El pragmatismo de

Peirce). Barcelona: Crítica, 1988.